Gripe aviária no Brasil  (Foto: Freepik/Reprodução)

A China impôs, nesta sexta-feira (31), uma proibição total às importações de produtos avícolas brasileiros, em resposta à confirmação de um caso de gripe aviária altamente patogênica no Brasil. A decisão foi anunciada pela agência aduaneira chinesa, que alegou o risco de entrada da doença no território chinês como justificativa.

A proibição atinge todos os produtos avícolas e relacionados, tanto em importações diretas quanto indiretas, o que representa um duro golpe para o agronegócio brasileiro. O Brasil é responsável por cerca de um terço das exportações globais de carne de frango, sendo a China o principal destino.

Comércio de US$ 1,5 bilhão fica sob ameaça

O embargo acontece em um momento sensível para as relações comerciais sino-brasileiras, que vinham se estreitando em meio às tensões comerciais globais lideradas pelos Estados Unidos. Segundo dados da alfândega chinesa, o comércio bilateral de produtos avícolas movimentou cerca de US$ 1,5 bilhão em 2024.

Apenas neste ano, mais de 10% das exportações brasileiras de carne de frango foram destinadas à China, de acordo com o Ministério da Agricultura.

Gripe aviária: Brasil já havia suspendido embarques preventivamente

No início de maio, o governo brasileiro havia suspendido voluntariamente os embarques para a China e União Europeia por 60 dias, após o primeiro caso da doença ser registrado em uma granja comercial no Rio Grande do Sul. A medida foi tomada como forma de precaução e tentativa de manter a credibilidade internacional.

Mesmo assim, a decisão da China ampliou a restrição que até então se limitava à carne de frango, abrangendo agora todos os produtos avícolas e seus derivados, além da exigência de desinfestação de resíduos vegetais e animais oriundos do Brasil.

Brasil tenta convencer China a adotar suspensão regionalizada

De acordo com fontes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Brasil encaminhou às autoridades sanitárias chinesas um pedido para regionalizar o embargo, ou seja, restringi-lo apenas ao estado do Rio Grande do Sul ou a um raio de 10 km do foco da infecção.

Essa abordagem já foi aceita por outros 17 países importadores da carne de frango brasileira. No entanto, a China optou por uma medida mais radical, suspendendo as compras de todo o território nacional.

Setor tenta redirecionar exportações para outros mercados

Diante do impacto da decisão chinesa, representantes do setor de proteína animal afirmaram que as exportações serão redirecionadas para mercados que continuam abertos ao Brasil. Apesar disso, a dimensão do mercado chinês torna a substituição difícil a curto prazo, segundo analistas.

O Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, segue em tratativas com parceiros internacionais para tentar minimizar os prejuízos e buscar flexibilizações protocolares junto à China e União Europeia.

Impacto na economia e no agronegócio brasileiro

A decisão chinesa representa um retrocesso para as exportações brasileiras, afetando diretamente a balança comercial, a cadeia produtiva de aves, os empregos no setor agropecuário e o reconhecimento internacional do sistema de controle sanitário brasileiro.

A expectativa agora é que o Brasil intensifique ações diplomáticas e sanitárias para reverter ou ao menos mitigar os efeitos do embargo, mantendo canais abertos com seus parceiros comerciais e reforçando o compromisso com a segurança alimentar global.