
Pessoa em cadeira de rodas (Foto: Freepik)
Pernambuco abriga 788.647 pessoas com algum tipo de
deficiência, o que representa 8,9% da população total do estado,
estimada em pouco mais de 9 milhões de habitantes. Os dados fazem parte da amostra
do Censo 2022, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
Com esse número, Pernambuco ocupa a quarta posição entre
os estados brasileiros com maior proporção de pessoas com deficiência. No
ranking nacional, apenas Alagoas (9,6%), Piauí (9,3%) e Ceará
(8,9%) estão à frente — todos estados nordestinos.
Nordeste Lidera o
Cenário Nacional
De fato, os nove estados do Nordeste ocupam as nove
primeiras colocações em proporção de pessoas com deficiência no Brasil,
todas acima da média nacional, que é de 7,3%. Confira os dados
regionais:
- Alagoas:
9,6%
- Piauí:
9,3%
- Ceará:
8,9%
- Pernambuco:
8,9%
- Rio
Grande do Norte: 8,8%
- Paraíba:
8,6%
- Sergipe:
8,6%
- Maranhão:
8,1%
- Bahia:
7,9%
Mulheres com
Deficiência São Maioria
Em Pernambuco, o número de mulheres com deficiência
(465.508) é superior ao de homens (323.139). Isso equivale a:
- 10,1%
das mulheres do estado;
- 7,7%
dos homens pernambucanos.
O IBGE considera pessoa com deficiência aquela que
respondeu, em pelo menos um dos tipos de dificuldades funcionais, que “tem
muita dificuldade” ou “não consegue de modo algum”.
Tipos de Dificuldades
Funcionais Mais Frequentes
As principais dificuldades funcionais relatadas pela
população com deficiência em Pernambuco foram:
- Enxergar:
5,1%
- Andar
ou subir escadas: 3,2%
- Pegar
objetos pequenos ou abrir garrafas: 1,6%
- Limitações
mentais ou cognitivas: 1,6%
- Ouvir:
1,4%
Educação e Deficiência:
Um Retrato das Desigualdades
Um dado alarmante revela que 29,26% das pessoas com
deficiência em Pernambuco são analfabetas, taxa três vezes superior
à de pessoas sem deficiência, que é de 9,97%.
A distribuição por nível de escolaridade entre
pessoas com deficiência é a seguinte:
- Sem
instrução ou com ensino fundamental incompleto: 67,31%
- Fundamental
completo ou médio incompleto: 9,7%
- Médio
completo ou superior incompleto: 17,39%
- Superior
completo: 5,59%
Recorte por Raça e Cor
O Censo também detalhou a proporção de pessoas com
deficiência por cor ou raça em Pernambuco:
- Amarelos:
11,1%
- Pretos:
10,7%
- Indígenas:
9,7%
- Brancos:
9,3%
- Pardos:
8,4%
IBGE Aponta Relação
entre Deficiência e Desigualdade Social
A analista do IBGE, Luciana dos Santos, comentou que,
embora o Censo ainda não permita analisar diretamente a relação entre
deficiência e renda, estudos anteriores já indicam essa conexão.
“A maior incidência de deficiência no Nordeste é reflexo das
desigualdades sociais e econômicas da região. Fatores como má nutrição, acesso
precário à saúde e baixa qualidade de vida aumentam a vulnerabilidade da
população”, explicou Luciana.
Envelhecimento e
Deficiência: Quatro em Cada Dez Idosos
O envelhecimento populacional também é um fator
crucial. Segundo o Censo, 42,91% das pessoas com deficiência têm 60 anos ou
mais — o equivalente a 338.490 idosos.
Veja os dados por faixa etária:
- 100
anos ou mais: 72,3% têm deficiência
- 95
a 99 anos: 66,3%
- 90
a 94 anos: 56,8%
- 85
a 89 anos: 48,1%
- 80
a 84 anos: 39,5%
- 75
a 79 anos: 30,8%
- 70
a 74 anos: 24,4%
- 60
a 69 anos: 18,9%
- 15
a 59 anos: 6,9%
- 2
a 14 anos: 2,8%
Situação Nacional:
Comparativo Entre Estados
Fora da região Nordeste, os estados com maiores
proporções de pessoas com deficiência foram:
- Rio
de Janeiro: 7,4%
- Paraná:
7,3%
- Acre:
7,2%
Os menores índices foram registrados em:
- Roraima:
5,6%
- Mato
Grosso: 5,7%
- Santa
Catarina: 6,0%
Conclusão: Um Alerta
para Políticas Públicas Inclusivas
O levantamento do IBGE expõe, com clareza, as desigualdades
estruturais enfrentadas por pessoas com deficiência no Brasil, em especial
no Nordeste. Pernambuco, com uma das maiores proporções de sua população
enfrentando dificuldades funcionais, precisa fortalecer políticas públicas
inclusivas voltadas para educação, saúde, acessibilidade e inclusão no
mercado de trabalho.
Esses dados não apenas informam, mas também reforçam a
urgência de ações afirmativas para garantir dignidade, autonomia e
igualdade de oportunidades à parcela da população que mais sofre com a exclusão
social.