
Correios (Foto: Fernanfo Frazão/Agência Brasil)
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) determinou
a suspensão de todas as operações aéreas dos Correios a partir do dia 4
de junho de 2025, após identificar descumprimentos graves das normas de
segurança no transporte de cargas. A medida cautelar foi oficializada na
última sexta-feira (30) e tem como base uma fiscalização realizada entre os
meses de fevereiro e abril deste ano.
Segundo a Anac, os Correios descumpriram integralmente
medidas essenciais, como a restrição ao transporte apenas de malas
postais com conteúdo declarado e a necessidade de acompanhamento das
cargas por funcionários qualificados. Outras exigências foram apenas parcialmente
atendidas.
Suspensão pode ser revertida se medidas forem comprovadas
O ofício da agência reguladora destaca que a suspensão será revogada
caso os Correios e as empresas aéreas parceiras comprovem o cumprimento
integral das exigências. Para isso, será necessário apresentar:
- Cronograma
detalhado para adequação total às normas de segurança;
- Comprovação
do cumprimento das medidas exigidas pela fiscalização;
- Análise
de risco conjunta entre Correios e empresas prestadoras de serviço
aéreo, comprovando que as operações estão em níveis aceitáveis de
segurança.
Correios negam suspensão e alegam avanços
O presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos,
afirmou ao Estadão que a estatal está em diálogo contínuo com a Anac
e que a suspensão ainda não entrou em vigor. Ele garantiu que uma
reunião está agendada para a terça-feira (3 de junho), quando as medidas
adotadas serão analisadas e, possivelmente, validadas.
“Estamos fazendo tudo. Não houve suspensão, e assim que
validarem, essa situação se resolve”, declarou Fabiano.
Em nota oficial, os Correios atribuíram o problema a
gestões anteriores, afirmando que a atual administração tem se empenhado em
corrigir práticas inadequadas herdadas do passado.
Equipamentos de segurança e falta de investimentos
Silva dos Santos revelou ainda que muitos dos problemas
decorrem da falta de investimentos nas gestões anteriores, especialmente
no período em que a estatal esteve sob risco de privatização. Entre os
entraves apontados, está a ausência de equipamentos de raio-X nos centros
operacionais dos aeroportos, que são fundamentais para a inspeção das
cargas antes do transporte.
“O problema vem desde 2015. Só na nossa gestão é que
avançamos”, declarou o presidente da estatal.
Segundo ele, novos equipamentos foram adquiridos e as
equipes foram treinadas para garantir o cumprimento das exigências da
Anac. A empresa reafirmou seu compromisso com a segurança e com a
continuidade dos serviços prestados à população.
Impacto nacional: risco à logística de encomendas no país
O transporte aéreo é parte vital da logística dos
Correios, especialmente para o envio de encomendas expressas e documentos
para regiões distantes ou com prazos urgentes. A suspensão, caso não seja
revertida, poderá afetar diretamente a agilidade de entrega, impactando
empresas, e-commerces e usuários finais em todo o país.
Resumo:
A suspensão das operações aéreas dos Correios pela Anac é uma medida sem
precedentes, que revela graves falhas na segurança do transporte de cargas.
A estatal corre contra o tempo para reverter a decisão antes de 4 de junho,
alegando que os problemas são antigos e que ações corretivas já estão em
andamento.