
Luciano de Souza Cavalcanti efetuou cinco disparos contra a vítima (Foto: Reprodução)
A Justiça de Pernambuco marcou para o dia 4 de
agosto, às 8h15, a audiência de instrução e julgamento do ex-vereador
de Tupanatinga, Luciano de Souza Cavalcanti, de 59 anos, acusado de tentativa
de feminicídio. A decisão é da juíza Alyne Dionísio Barbosa Padilha,
da 1ª Vara Criminal da Comarca de Garanhuns, e prevê a oitiva de
testemunhas de acusação e defesa, além do interrogatório do réu.
Luciano está preso preventivamente desde o dia do crime,
ocorrido em 6 de março de 2025, quando atirou cinco vezes contra
uma mulher de 23 anos na área externa de um motel às margens da BR-424,
em Garanhuns, no Agreste pernambucano.
Juíza rejeita tentativa de rebaixar acusação
Na mesma decisão que definiu a data da audiência, a juíza
Alyne Padilha negou pedido da defesa para que a acusação de feminicídio
fosse reclassificada para lesão corporal. A magistrada argumentou que a
defesa “não trouxe à baila qualquer fato capaz de conduzir à absolvição
sumária”, reforçando que há indícios suficientes para a manutenção da
acusação original.
Caso a juíza entenda que há provas robustas ao final da
audiência, Luciano poderá ser levado a júri popular.
O crime: agressão, ameaças e cinco disparos
O crime chocou o estado de Pernambuco. Segundo as
investigações, Luciano foi até o motel acompanhado de três mulheres. Já
na suíte, ele teria se tornado agressivo sem motivo aparente, e passou a
agredir uma das mulheres.
Assustadas, as três decidiram sair do quarto e esperar
por um carro de aplicativo na área comum do estabelecimento. Foi então que
o ex-vereador saiu do quarto apenas de cueca, com as mãos para trás,
e sacou um revólver calibre .38. Ele disparou cinco vezes na direção
de uma das mulheres, que foi atingida no tórax, braços e pernas.
Câmeras de segurança registraram toda a ação. Testemunhas
relatam que Luciano gritava frases como:
“Eu sou homem, ninguém me desrespeita, não”
“Vou matar ela, vou matar ela, vou matar ela”
Após os disparos, ele foi preso em flagrante.
Vítima sobreviveu, mas ficou com sequelas
Apesar da gravidade dos ferimentos, a mulher sobreviveu.
Porém, segundo seu relato à Justiça, ela enfrenta graves consequências
físicas e emocionais. Entre os prejuízos, destaca-se:
- Interrupção
dos estudos
- Dependência
de terceiros para atividades básicas, como higiene pessoal
- Traumas
psicológicos
A vítima solicita uma indenização de, no mínimo, R$ 500
mil por danos físicos e morais.
Defesa alega esquizofrenia paranoide
A defesa do ex-vereador sustenta que ele foi diagnosticado
com esquizofrenia paranoide desde novembro de 2024, e tenta, com
isso, reduzir sua responsabilidade penal. No entanto, até o momento, a
Justiça não acolheu a tese de inimputabilidade, mantendo a acusação de
tentativa de feminicídio.
O caso está sendo acompanhado pelo Ministério Público de
Pernambuco (MPPE), que ofereceu a denúncia ainda em março, e deve reforçar,
na audiência, os indícios de tentativa de homicídio qualificado por gênero,
caracterizando feminicídio tentado.